Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que não sei o nome...

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Domenica in Venezia....

No domingo dia 20 de dezembro (eu tô mega atrasada com o blog mesmo.... espero que a minha boa memória me ajude a lembrar de tudo mesmo tanto tempo depois... rs) eu e a Paty fomos convidadas para almoçar na casa da Luisa, íamos de ônibus (pela primeira vez pegar um ônibus para fora das muralhas da cidade velha de Padova) mas a Luisa acabou vindo nos buscar.  Enquanto eu me arrumava pensei, será que preciso de todo os aparatos anti-frio? Acabei indo com as duas luvas (a sem dedinhos com a grandona por cima) meu mega capote azul, meia-calça de lã mas optei por não ir de gorro, afinal tenho capuz e dentro da casa não ficaria de gorrinho...
No caminho a Luisa já foi conferindo se eu comia tacchino, fazendo uma analogia instantânea no meu cérebro com o inglês conclui que era peru, afinal cozinhar sem porco aqui na Itália é difícil....
Chegamos na casa dela, uma casa muito bonita num bairro já distante do centrinho de Padova que eu conheço, o caminho foi cheio de neve pra todos os lados, mas as ruas já tinham sido limpas pelos tratores.
O tacchino ao curry tava ótimo e o que eu achei mais interessante foi o lance com o vinho, me chamou a atenção que na garrafa estava escrito Moscato e no meu copo tinha vinho tinto, aí a Luisa me explicou que era apenas a garrafa que o vinho que tava dentro era um vinho feito aqui na região que eles vão direto na vinícula com as suas garrafas vazias de outros vinhos e enchem com o vinho dos barris, achei o máximo!!
Enquanto comíamos surgiu a frase "Voi dovete andare in Venezia oggi perchè è molto rara con la neve!", eu já me animei com a idéia, um evento raro e eu aqui do lado? É claro que eu vou, a Paty ficou meio em dúvida mas logo se animou também, depois de me esbaldar num queijo muito bom (não sei o nome mas depois de pronto ele é desfiado e colocado no leite de búfala, aí fica super molinho..... master bom) e nos doces strudel de maçã e uma bolachinha com chocolate muito boa fomos de carona até a estação de trem.
Como Veneza é realmente muito perto seguimos as instruções de não ir comprar passagem no guichê e sim na banca de jornal, pedindo um bilhete para Veneza (como as passagens e ônibus), olhamos os horários e fomos até o bienio 2, o trem chegou, entramos e nada de onde deveriamos "bater" o bilhete comprado na edicola (no ônibus fica dentro do ônibus), esperamos então que alguém viesse pedir as nossas passagens, mas depois de 30 minutos (os trens andavam com baixa velocidade devido ao gelo nos trilhos) descemos na estação de Veneza com as passagens ainda virgens na mão, no fim da plataforma vimos onde deveriamos ter "batido" as passagens e descobrimos que sem querer tínhamos ido de graça até Veneza (Brasileños......). Como já tínhamos comprado inclusive a passagem de volta, voltaremos em breve pra usar esse bilhete "extra"... heheheh
Continuamos seguindo as instruções que recebemos e viramos a sinistra pra pegar o caminho a pé até a praça San Marco, realmente Veneza é uma cidade muito linda, não estava mais com a "água alta" (quando a cidade fica toda alagada e se anda sobre passarelas que colocam nas ruas) mas as passarelas ainda estavam lá deixando claro que a água tinha acabado de baixar, apesar de termos perdido o espetáculo das águas altas agradeci porque o desconforto de andar pelas plataformas devia ser terrível.
Logo no começo me espantei com o incrível comércio de Veneza, quando se fala da cidade parece só ter os canais (que no momento estavam sem as famosas gôndolas que estavam cheias de neve) mas as ruinhas antigas cheias de loginhas e banquinhas no meio também são lindas, as que vendem as famosas máscaras de Veneza então irresistíveis, aproveitando a Paty de modelo tirei uma foto de uma das banquinhas cheias de máscaras.
O frio tava terrível..... os menos tantos que estávamos começou a pegar, logo na primeira barraquinha que vendia gorros comprei um gorro pra mim porque apesar do capuz do capote eu já tava com dor de cabeça de sentir frio na parte da frente da testa (quem diria que era um lugar que eu sentiria frio? ), toda enrolada no cachecol no auge da moda múmia fomos andando pela cidade, minha máquina fotográfica começou a consumir a bateria rapidamente, conclui que era pelo frio tadinha, mas algumas fotos ainda consegui tirar.
Me chamou a atenção que as barraquinhas pelo meio da rua pareciam uma grande feira popular mesmo, vendia panelas, roupas, sapatos, comidas, tinha uma até com um cara vendendo um tipo de pano de limpeza com microfone na boca e tudo para fazer a demostração, hehehe, igual no centro de Sampa.
O caminho era longo e com tantas lojinhas nossa velocidade não era das mais altas, rs.....
Quando encontramos nossa primeira igreja entramos para dar uma olhada, na porta tinha um simpático boneco de neve nos recepcionando e no segundo degrau da escada de entrada paramos bruscamente, era tão escorregadio a pedra bem polida com o gelo que eu só consegui subir segurando realmente firme no corrimão.

Dentro da igreja dizia que no altar estava o corpo conservado de Santa Lucia (será mesmo?? será que entendi errado?), a igreja era muito bonita, gostei bastante do altar e claro não perdi a chance de rezar minhas 3 ave marias e 3 pai nossos para fazer meus 3 desejos, hehehe. Cheguei o mais perto que podia do altar e pra mim o "corpo" continuava parecendo de mentira, mas quem vai saber, naquela época o povo era pequeno mesmo.
Muitas ruelas pra cá, muitas ruelas pra lá (sempre seguindo o fluxo) e muitas muuuuuuuuitas lojinhas, de repente apareceu uma Lush!!! Que delícia!! Adoro essa loja e infelizmente não tem mais no Brasil, entrei com a Paty já que ela não conhecia e a moça que veio nos atender fez uma mega demostração de todos os produto, sempre incríveis e cherosos, aproveitei pra comprar algo para meu lábio que tá destruído com esse frio e também um hidratante para o corpo (para a secura que é ficar dentro da calefação, heheh), mas claro queria todos os produtos, aquele monte de sais de banhos maravilhoso, será que tenho coragem de usar alguma banheira daqui?? Será que bem limpa dá pra usar??
Quando saímos da loja já estava quase escurecendo, a temperatura caía cada vez mais, mas encontramos nosso primeiro canal, tão lindo, romântico de tudo, e realmente todo neviscado parece ser um espetáculo a parte.
Achamos numa das barraquinhas as calzas termicas que parecem ser bem confortáveis e quentinhas mesmo, são de algodão bem grossas com pelinhos por dentro, comprei uma sem pé e uma com pé.
A noite chegou logo (droga de dia curto no inverno...) e continuamos andando, andando, andando..... parecia que a tal praça San Marco não chegava mais... meu dedão do pé esquerdo começou a doer de frio, já estávamos mal humoradas e perdendo a vontade de chegar nessa tal praça San Marco.... quando encontramos a barraquinha que vendia as botas de frio, compramos uma cada uma e depois de ter finalmente os pés aquecidos nos demos conta de como estava nos fazendo mal estar com os pés tão gelados... nosso humor voltou e tínhamos força pra continuar na longa caminhada pelas ruinhas de Veneza, começaram a aparecer finalmente indicações para a praça San Marco e andamos e andamos muito e muito mais...
Mas tudo valeu a pena quando chegamos na praça a visão da belíssima Basílica, dos Palácios, do Mar, tudo iluminado em plena noite era tão linda que começamos as duas a chorar (mico total, o bom é que as lágrimas são quentinhas...). Como chegamos bem depois das 17hs já estava tudo fechado pra visitação (o que garante mais uma vez a nossa volta em breve...), a bateria da minha máquina fotográfica já tinha ido com o frio então recorri a câmera do celular, a sensação de chegar num lugar tão lindo e que a tanto tempo eu queria conhecer assim tão fácil (30 minutos da minha casa) é uma sensação muito estranha, boa, mas estranha, parece que não é de verdade.... sei lá....

Minhas mãos congelavam pra tirar as fotos e preocupadas com o horário resolvemos voltar pra estação de trem, pegamos o mesmo caminho que tínhamos feito (claro com umas duas perdidinhas no caminho) pra voltar pra estação sem parar em mais nenhum lugar, chegamos quase as 20hs e fomos pra plataforma do próximo trem que passava em Padova, mas ouvindo os avisos dados nos altofalantes descobrimos que os trens estavam todos atrasadaos e que sairia um que pararia em todas as estações de outro biênio, saimos correndo até o trem, com uma única paradinha para desta vez garantidamente "bater" a nossa passagem e entramos no trem, como era um trem de 2 andares que eu nunca tinha visto fomos no 2º andar para conhecer, o trem estava bem lotado, parece que foi um dos poucos trens que acabou saindo e realmente parou em to-das das estações, ele ía de vagar e parava sem parar demoramos uns 20 minutos a mais, e como não sabiamos qual seria a nossa estação ficamos de botuca na conversa dos outros para saber qual seria a nossa, hehehe.

Finalmente descemos em Padova e fomos até o ponto de ônibus.... depois de esperar um tempão descobrimos que hoje só tinha o 42 que passava na nossa rua já que é festivo, esperamos mais um tempo e descobrimos que estávamos do lado errado da rua para ir pro nossa casa..... e depois de mais alguns minutos descobrimos que definitivamente desde que tínhamos chegado em Padova já tínhamos perdido o último ônibus.... oh vida....
Peguei o mapinha e decorei qual caminho teríamos que fazer para ir a pé..... e lá fomos nós, sozinhas pela rua naquele frio infernal, os pés continuavam quentes mas o resto do corpo principalmente minhas mãos mesmo dentro de duas luvas congelavam.... ficava lembrando daquelas notícias horríveis sobre a Polônia.... que morreram pessoas na rua tentando voltar pra casa a pé..... rs......
Mas graças a Deus chegamos sãs e salvas em casa... chegando no quarto descobri que estava - 10ºC na rua..... afffff......



quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Na neve se usa guarda-chuva!

Como lidar com uma mudança de 40 graus de temperatura em apenas uma semana?
Quando eu estava me preparando para vir uma amiga minha que já mora aqui faz tempo me disse "desencana de trazer casacos, vc vai ter que comprar tudo aqui quando chegar, os nossos só resistem ao outono", não levei muito a sério afinal comprei um sobretudo de pura lã até o joelho em um brecho de Curitiba feito na Europa e pensei "deve que aguentar".....
Sai de Sampa num calor de 25ºC (já era de noite, mas durante o dia passou dos 30ºC) vestindo uma calça de malha fina e uma camisetinha, só a botona de couro que já estava mais adequada ao frio, mas levei comigo outras peças para vestir quando chegasse.... quando o piloto avisou que em Milão estavam 2ºC coloquei todas essas peças: meia-calça de lã, segunda pele de manga-longa, malha de lã peruana (de alpaca, bem quentinha), um gorrinho de lã, cachecol (tb de alpaca), luvas e claro, o sobretudo verde.
No percurso todo até a chegada no alojamento eu confesso que até passei calor, mas carregando toda a minha bagagem não dá realmente nenhum referência.
Na primeira noite nella mia stanza eu ainda tava morta de calor (acho que totalmente destemperada na verdade) e me atrevi a dormir de janela aberta (com a persiana abaixada) mas janela aberta.... acordei morrendo de frio e fechei-a de manhã bem cedinho, me vesti com todas as mesmas camadas do dia anterior só substituí a segunda pela por uma outra cacharrel de lã mais fininha, logo na minha primeira saída pra encontrar com a Luisa me senti congelar.... tremendo ao conversarmos na rua ela me disse que eu deveria comprar um capoto (sim, um capote, daqueles de nylon longos) e que era melhor esperar até o sábado e ir no mercado popular que acontecia numa importante praça da cidade.
Nas minhas andanças dos primeiros dias acrescentei mais algumas camadas ao meu vestuário já que a temperatura caia mais a cada dia que se passava, meu nariz e minha boca em menos de um dia já estavam todos queimados pelo frio e observando as nativas cheguei a conclusão que o modelo múmia deveria ser utilizado, vc passa o cachecol pelo nariz e pela boca também, se seu casaco tiver capuz melhor ainda vc passa ele por trás do capuz e amarra para ter certeza que não cairá com o vento. A Luisa também me sugeriu usar um chapeuzinho que tivesse uma abinha meio na cara para fazer uma barreira contra o frio que vem na cara.
Melhorou muito meu nariz ao andar pela rua mas dentro dos ambientes devido a calefação é muuuuuuuuuuuito seco e meu nariz volta a sofrer totalmente, haja protetor labial quase sendo passado na cara toda..... hahahahah.....
Como tive a proesa de perder um cachecol na rua no primeiro dia comprei outro desses bem longos que tem aqui (2 m) e me enrolar nele realmente ficou muito melhor!!
Quando a Paty chegou, expert em clima seco aprendido em Goiânia ela me ensinou a molhar a máscara de pano (ela tem uma igual a minha japonesa, ganhada de uma japonesa inclusive, será que nenhum outro lugar no mundo faz máscaras assim?) e dormir com ela molhada que melhora bastante. Aderi a máscara molhada e me senti bem melhor, pena que não dura  noite toda e eu não acordo por nada nesse mundo senão eu molhava de novo.....
No nosso primeiro dia de andanças juntas eu achei o tal chapeuzinho com abinha na cara, ele realmente ajuda a barrar o frio mas não consigo ver nada com ele e já basta o cachecol de múmia enrolado que me faz ter que virar o corpo inteiro pra cada lado quando quero atravessar a rua porque o pescoço nem gira....
Olhamos os preços dos capotes pela rua e os preços faziam com que o sábado fosse cada vez mais esperado. Olhamos as barraquinhas do centro e identificamos outro item muito interessante: as calças tipo legging mas bem mais grossas, tudo bem que as italianas não tem as pernas grossas como nós brasileiras mas era visível olhando as pernas pela rua que elas não estavam usando a mesma quantidade de meias que a gente.
Passamos frio na sexta-feira inteira mas isso foi totalmente esquecido por mim quando pesquisando num site de metereologia qual seria a temperatura do sábado li in questo momento neve a Padova, abri a janela correndo e sem nem lembrar do frio fiquei com a mão pra fora sentindo a neve começar a cair, só me dei conta quando parei de sentir a minha mão.... hahahah... Tentei ligar pra Paty, mandei SMS, mas ela já estava no décimo sono, tentei ligar pra alguém mas ninguém me atendia.... então sem poder dividir com mais ninguém postei no facebook minha alegria de ver a neve e ainda demorei 2 horas pra conseguir dormir vendo a neve cair tão suavemente.

O sábado chegou, dia de mercado na tal Pratro della Valle a maior praça da Itália e uma das maiores da Europa, a neve continuava e agora pela janela do meu quarto já se via tudo branquinho (sai da cama correndo e fui direto abrir a janela pra ver como estava, foto ao lado). Nunca vi neve cair mas já visitei lugares com neve e com meu pai aprendi uma grande lição "nunca deixe seu pé molhar com a neve", para garantir isso coloquei muitas meias e por cima minha chiquérrima galocha melissa vermelha e azul. Voltei ao mesmo site de metereologia para ver a temperatura e estavamos em -8ºC (vixe Maria!) e que a sensação térmica podia cair em até 10º quando ventasse.... pra resistir ao vento (e lembrado que eu estava indo comprar um capoto de verdade) coloquei várias blusas e minha reles capa de chuva vinho, pelo menos é de nylon, segura o vento. Gorro com abinha, cachecol de múmia e luva de couro fomos em busca da ferinha de sábado. Antes de sairmos olhei na janela para observar os nativos, tinha gente andando na rua, então conclui que poderíamos ir andando tranquilamente já que não consegui achar no site um ônibus que nos levasse até lá e não é nada longe daqui.
O primeiro baque com os -8ºC foi totalmente desapercebido pelo êxtase da primeira neve caída na cabeça, molhada, muito gelada mas linda e poética.
Fomos andando em direção ao nosso destino e logo na primeira rua encontramos algumas pessoas a pé, de guarda-chuva!! Fantástico!! Parece bem óbvio agora que estou escrevendo mas quando vi a primeira vez achei o máximo usar guarda-chuva na neve! Eu não trouxe o meu para economizar no peso da mala mas a Paty trouxe o dela e fomos nos duas debaixo dele (a neve tava fraca e confesso que a maior parte do tempo fui na frente, como sempre guiando o caminho que decorei do google maps + google earth, me divertindo com a neve caindo, em movimento a gente não sente tanto frio...).
Não tenho visto muito cachorros pela rua por aqui mas o que mais me espanta mesmo é que 1% dos cachorros que eu vejo estão de roupinha, tadinhos!! Fico morta de dó!!! Os donos encapotados e os coitadinhos (a maioria de pelo curto ainda) sem roupa nenhuma.... alguns demostram que estão com frio mas outros como dois pequeninos que encontramos no caminho estavam é curtindo a neve, brincavam pra lá e pra cá feito criança correndo e se jogando na neve, que saudade dos meu pequenos... Cidão não aguentaria esse frio (ele põe roupinha té no verão as vezes) teria que ir dentro do meu casaco.....
A Luisa ligou no meio do caminho e nos disse que a neve era especialmente pra gente que não era normal nevar desse jeito em Padova e recomendou que a Paty comprasse algum sapato impermeável também por lá.

No caminho passamos pela Basílica de Santo Antônio, coberta de neve era realmente linda, mas estava inacreditavelmente fechada, pela neve....
Quando finalmente chegamos na imensa praça acreditamos definitivamente que eles não estavam preparados para tanta neve, que nem sabiam direito o que fazer com ela.
Não tinha mercado nenhum, nada de baraquinhas, no lugar delas tinha é neve para todos os lados....
Demos a volta na praça e perguntamos pra algumas pessoas e realmente por causa da neve não tinham aberto as barraquinhas (no último sábado antes do Natal??), ficamos observando o movimento.... nos refugiamos numa padaria que a atendente era albanesa e tomamos um chazinho frio (eu perguntei se tinha quente e levei um mal educado "aqui não é um bar" dela....) pelo menos para justificar a meia-hora que passamos sentadinhas lá dentro protegidas do frio.
Um trator limpava a praça e várias vans foram se posicionando nos lugares onde a neve já tinha sido retirada (mas em breve estaria de novo, a neve não parava...), saimos da padaria e procuramos um caixa eletrônico pra tirar dinheiro, afinal nas banquinhas não deveria aceitar cartão só cash, é incrível vc enfiar seu cartão num caixa eletrônico de um banco qualquer e derrepente conseguir titrar dinheiro da sua conta, fico encantada com a globalização (apesar de saber que paguei uma bela taxa por isso). E a neve foi piorando.... o frio aumentando... e com o vento a neve vinha de todos os lados, me rendi e comprei um guarda-chuva, era o jeito, pelo menos ela não vinha de cima.... e o guarda-chuva ser automático pra quem está sempre de luvas ajuda bastante também.
As banquinhas foram abrindo bem de vagar, a primeira foi uma de árvores de natal,demos uma olhada, afinal não ter nenhuma decoração natalina é bem deprimente, mas os preços nos assustaram bastante e o espírito natalino se conformou só com a neve... hahahha
As compras na ferinha foram realmente uma luta, a neve piorou muito, já não eram mais flocos de neve e sim toroços de neve que caíam.... o frio aumentou bastante também.... nossa primeira compra luvas mais quentes, apesar de feias comprei uma daquelas de esquiar mesmo.... fiquei com mão de ursinha mas elas saíram do congelante e movimentar os dedos não era mais um suplício.... Depois achamos uns casacos de nylon ótimos, lindos e baratos, só não eram perfeitos porque eram curtos, mas mesmo assim compramos uma cada uma e o meu eu coloquei naquele exato instante e amarrei minha capa de chuva na cintura para proteger a bunda que já a alguns minutos eu não sentia....
Depois de muito andar achamos um capote (mega capote diga-se de passagem) pra mim azul-marinho, a cor que eu queria e que claro dificultou um pouco essa compra, tirei o curto e coloquei ele e a partir do meu joelho (esse é longo mesmo!) tudo começou a esquentar... que maravilha.... infelizmente nenhuma banquinha de sapatos abriu e também não achamos as leggings quentinhas...
Fomos almoçar no ESU com calma já que meu ensaio foi cancelado também por conta da neve (a maestrina me mandou um SMS dizendo que estava cancelado porque ela não sabia dirigir na neve, heheh) e nos demos conta pela primeira vez que quase todos os estudantes italianos tinham voltado pras suas casas pras férias de Natal, no restaurante só tinhamos não Italianos, muitos africanos, alguns orientais (acho que coreanos), franceses, alemães (visivelmente achando a temperatura muito agradável) e como o restaurante estava bem vazio ainda presenciamos os funcionários da cozinha irem de camiseta (!!!) tirar fotos na neve!!!
Os capote é tão quente que comecei é a passar calor no tronco..... acho que posso tirar algumas camadas da parte de cima....
Mas o kit completo de vestuário para a neve só foi terminado em Veneza no dia seguinte (detalhes de Veneza em um outro post)....

Já que minhas luvas novas eram enormes inventei uma super técnica, colocar a luva de dedinhos de fora e por cima a grandona, assim quando eu tivesse que tirar a luva pra fazer alguma coisa ainda teria a debaixo me esquentando (para provar os casacos no dia anterior minhas mãos quase cairam), já que eu tinha capuz resolvi tirar o gorro (péssima escolha assim que pisei em Veneza tive que comprar um gorro porque tava com dor na testa de frio.....), coloquei uma camada a menos de blusas de lã por baixo e acho que achei a medida exata para esse frio com esse capote.... só faltava uma coisa..... o pé.... eu estava com a minha galocha melissa que tinha resistido ao dia anterior (não congelou me pé mas tb não tava quentinho) mas em Veneza meu dedão do pé esquerdo começou a doer de frio depois que caiu a noite.... estavamos sempre procurando sapatos  pra Paty (que estava com um emprestado da Luisa mas que tb não era muito quente, só era impermeável) e depois de muitas barraquinhas e lojas achamos umas botas muito legais a preços excelentes... foi uma loucura provar no meio da rua (e no meio da lama congelada, logo que cai a neve é linda e super branquinhas, mas depois de um tempo e principalmente de pisadas em cima ela fica é uma grande lama congelada... aí é feio e perigosíssimo de escorregar!) mas conseguimos garimpar uma bota pra cada uma nos tamanhos certos (além do problema com a numeração que é diferente do Brasil, eu calço 36 mas a bota que ficou boa foi a 38). Logo que colocamos as botas e continuamos andando só nesse momento nos demos conta de quuuuuuuuuuuuanto o frio no pé estava nos encomodando, melhorou nosso humor, nossa dor no corpo e não tínhamos mais frio em nenhuma parte do corpo, de quebra ainda achamos as leggins quentinhas (calzas termicas) que fecharam de vez o nosso guarda-roupa de inverno.... agora até acho possível viver nesse frio.....




sábado, 19 de dezembro de 2009

Casa

Do que um lugar pecisa para de repente o chamarmos de casa?
Ao longo da minha vida mudei de casa 7 vezes, morei em quase todo canto de Sampa e confesso que adquiri prática no assunto, vc começa embalando aos poucos e depois chega o caminhão e todas as suas coisas vão embaladinhas para seu novo endereço, é um fato que sempre algumas coisas somem no processo mas as mais importantes que caracterizam a casa estam sempre lá e eram as primeiras a serem desempacotadas, em poucos minutos mesmo no meio das caixas, com os móveis desorganizados ou mesmo sem móveis aquele novo lugar assumia claramente o posto de "casa".
Quando estava ainda em Sampa arrumando as malas as dúvidas de quais coisas seriam necessárias estarem na mala e quais era melhor comprar por lá já atormentaram bastante a minha cabeça. No fim coloquei na mala de mão alguns pequenos objetos para se apossarem do meu novo endereço e mesmo antes de ir ao banheiro no dia de chegada foram eles os primeiros a tomarem lugar nella mia stanza de uns 12 metros quadrados: o quadro com a mão de Meishu Sama e o porta-retrato amarelo com uma foto minha junto com meu namorado.

Depois foram saindo outras coisas também bem caracterizantes, meu travesseiro chiquérrimo da nasa (afinal agora meu pescoço é fresco, se não for um muito bom acordo quebrada... velhice...),  meu lençol piegas de notinhas musicais, meu cobertor da Casa & Ideas, minha toalha e roupão rosas, algumas poucas partituras, meu tecladinho enrolavél e claro meu notebook.

Logo na minha primeira ida ao supermercado comprei vários itens que você nunca compro numa viagem, coisas de casa mesmo... papel higiênico (tem aqui no collegio mas eu sou cismada, além da minha adorada rinite consumir bastante também), saco de lixo, detergente, bucha, copo (só tinha uns de plástico, bem frustante), guardanapo e claro comidinhas (aproveitando todas aquelas coisas caríssimas no Brasil que aqui não são tão caras, de uma forma geral a comida aqui é muuuuuuito cara, mas entre comprar uma mozzarela de 1,50 euros ou um gran padano de 1,65 qual vc compraria? Ainda comprei tomatinhos italianos fresquíssimos, leite scremato, azeitonas, manteiga (não consegui achar as opções sem sal e com sal, acho que aqui é só sem sal), mozzarellas frescas (tipo aquelas de bufala, mas de vaca mesmo) e pão (tipo o nosso pão de forma, industrializado, mas de pão italiano, hmmmm...). Cada item escolhido também com um critério totalmente ausente em viagens, em que potes estão? Dá pra reaproveitar? Preciso de um pote de vidro para colocar o meu Kefir (sim, ele veio comigo!!)..... depois de muita analise as azeitonas escolhidas estavam num pote de vidro com a cara do Kefir).

Assim que sentei pra comer me dei conta de tantas outras coisas que faltam na minha "casa" .... nada de talheres, por sorte meu tão companheiro canivetinho suíço me salvou... depois de bem alimentada foi hora de momentos de tensão ao tomar o primeiro banho no banheiro dividido.... dentre os 6 banheiros do meu andar (sendo só 2 com chuveiro o resto é só banheira) por sorte o que eu achei mais decente foi o que é mais perto do meu quarto, então lá fui eu, munida do meu kit para banheiro dividido que continha uma havaiana com um salto mega alto, toalha, roupão e bolsa de plástico para levar tudo pra lá, achei melhor começar com calma e tentar primeiro um banho simples, ou seja, sem lavar minha vasta cabeleira, o que adicionou uma touca de banho ao kit, além claro do sabote de mel com bucha natural dentro dele (lembrança dos dois anos de Curitiba...).
Não tinha sinal de ninguém por perto e depois de uma pequena demora para encontrar os interruptores me tranquei no banheiro do chuveiro, nada muito animador, em cabide pendurei minha bolsa e fui analisar o chuveiro, o piso é daqueles inteiros de plástico com um ralo tipo o de banheira que na verdade parecia um buraco sem fim porque não tinha gradinha, redinha nada (será que meus cabelos vão entupir isso?). Liguei o chuveiro e fiquei muito aliviada em sentir a água bem quentinha dele, ainda imagino que terei problemas quando a operação incluir lavar o cabelo porque a água sai pros lados e no meio fica sem água nenhuma. Passei o banho inteiro brigando com a cortininha de plástico do chuveiro, não sei de onde vinha um vento que fazia ela sempre grudar na minha perna, arghhhh. Me enrolei na toalha e no roupão coloquei todo o resto na sacolinha e congelando voltei pro quarto.... que frio..... devia ter trazido meu roupão que é comprido até o pé e de manga longa, mas ele não caberia na mala.... colocando o meu pijama e desfazendo a sacolinha do banho mais uma coisa fez falta, um lugar para colocar a roupa suja, um saco? No armário? Com as roupas limpas me recuso... debaixo da pia junto ao lixo também não dá, coloquei então num saco de lixo mesmo lá no maleiro.... e aproveitei para começar a escrever uma listinha de coisas que faltam em casa...


Tomando o Kefir sem açúcar no café-da-manhã do dia seguinte então me lamentei  por ter esquecido de comprar o outro pó branco necessário em casa.... Minha listinha só aumentava... preciso de uma colher de plástico para o kefir.... prato... não dá pra ficar comendo no guardanapo.... produtos de limpeza, para limpar o quarto e também o banheiro (acho que vou seguir o conselho da Dica e levar um sprayzinho comigo quando for usar o banheiro assim limpo e sento, tudo aéreo não vai rolar por tanto tempo....

No ir e vir da loja da 3, banco e etc, achei um supermercado maiorzinho que esse daqui do lado e nele perdi horas lendo um por um dos produtos, ingredientes, preços, visualizando eles vazios e o que eu poderia colocar neles depois..... sem contar as novidades, adoro ir em supermercado de culturas diferentes é ali que a gente vê quem mora mesmo comprando e escolhendo, e claro observar os nativos é sempre uma boa pedida quando se está na dúvida.... Já na entrada fiquei procurando um carrinho pequeno e não tinha nenhum pequeno, ainda com os braços fraquinhos de tanto carregar peso no dia anterior me rendi a pegar uma cestinha que na verdade era uma cestona (colocada no chão passava do meu joelho) mas logo no primeiro corredor enquanto eu escolhia que suco eu levava passou um nativo puxando a mesma cestona por uma alça que vc puxava dele (que interessante! Adorei), na sessão de sucos não poder comprar livremente o que eu queria e ficar olhando os preços foi uma prova de fogo, tinha suco de mirtilo (minha fruta favorida), puro ou misturado com maçã, deve ser ótimo, mas acabei optando por um mais barato que era um mix de frutas, quase uma vitamina, afinal aqui sem liquidificador minha vitamina matinal já era e meu organismo vai sentir falta dessas vitaminas... no caminho pra sessão de limpeza tinham bancas de panetones, 10 EUROS UM PANETONE????? Tão me zuando.... se eu soubesse tinha comido mais enquanto eu tava no Brasil, pelo jeito vai ser um natal sem chocotone... Mas por falar em Natal na sessão de bebidas ali do lado me animei com os Pro Secos em long neck, os vinhos em tetra pack não tem glamour pra isso.... heheheh.....
Comprei algumas coisinhas de limpeza, multi-uso com cândida, paninhos chupa pó pro quarto, mais algumas comidinhas, já que o panetone foi descartado comprei um tronchetto, afinal a Paty chega amanhã e provavelmente vai comer nella mia stanza no primeiro dia, o supermercado acabou, rodei ele de novo, procurei direitinho e nada, nenhuma sessão de coisas para casa... continuo sem copo, prato, talher... nutella, nutella sempre vem em copo, mas só tinha uma nutella em um pote de plástico enorme acho que com 300g....
Lanchei de novo no guardanapo e comi quantas azeitonas eu pudia (preciso desse pote!! Rs..) e mais uma vez lembrei de tantas coisas que esqueci de comprar... sabonete pra pia (detesto usar o mesmo sabonete que tomo banho), pano (afinal lavo e seco com o que a louça? Não tem lugar para escorrer...), algodão (quero tirar o esmalte, só trouxe a acetona)....

Passei menos frio nesse banho, me sequei mais antes de vir e coloquei a toalha nas pernas já que o roupão protege o resto mas ainda sem coragem de lavar a cabeça.... ai ai ....

Quando a Paty chegou fui fazer um tour pelo collegio e finalmente entrei na cozinha, grande ampla, equipada mas inusável.... tão suja e engordurada que só para conseguirmos limpar aquilo já teríamos ido embora daqui.... então fomos andar pela cidade, estávamos a procura de coisas de casa, é bom duas pessoas procurando as mesmas coisas que uma ajuda a lebrar a outra, disse a ela que ali pelo centro eu não tinha achado nem um lugar que vendesse porque nos supermercados não tinha e o resto eram essas lojas de presentes com preços absurdos... fomos então para um pedaço da cidade que eu ainda não tinha ido procurando uma parte mais popular para achar essas coisas... achei que perguntar para um hippie desses que vendem nas ferinhas seria uma boa, mas a moça também não sabia e nos indicou um outro supermercado ali perto, mais uma vez só copos e pratos descartáveis.... nada do que procurávamos, a Paty perguntou para uma senhora que muito solicitamente nos explicou e por ali realmente não tinha que só em supermercado grande e que era longe, depois da milésima vez que eu disse que não tinha problema que fosse longe ela nos deu a indicação do centro Giotto e ficava perto de onde eu fui tirar meu codice fiscale (a alegria da senhora quando eu disse que conhecia a piazza stanga foi impagável), mas antes de irmos lá passamos naquele supermercado da cestona que puxa para comprar algumas coisinhas, hoje tinha a nutella de copo e na sessão de suco tinha um tal de effervescente succo di limone que me pareceu um tipo de tang chique e que vinha num belíssimo pote de vidro no qual ficará ótimo meu açúcar, para ter o pote eu tomo por uns dias um suquinho tang sem problemas, dessa vez comprei sabão líquido e amaciante para lavar roupa, nós duas chegamos a conclusão que podemos ir lavando de pouquinho na mão mesmo no próprio quarto.
Quando chegamos em casa nos demos conta de quanto tempo perdemos no supermercado e que estava pra fechar os restaurantes da ESU, fomos correndo até o mais perto daqui de casa, que fica dentro do campus de várias faculdades, muito legal, com direito a atravessar uma pontezinha sobre um rio e tudo pra chegar, mas infelizmente chegamos 5 minutos depois de já terem tirado todas as comidas....
Resolvemos ir direto dali para o tal Centro Giotto mesmo e comer no caminho..... mas antes lembramos que estávamos do lado de onde faz o codice fiscale  e a Paty também tem que fazer o dela, por sorte não tinha fila nenhuma... no caminho só encontramos restaurantes fechando com cara de serem mega caros e a fome foi a gente começar a olhar para as pombas com outros ares..... rs.... até uma placa do mc donalds pareceu interessante.... rs..... e finalmente chegamos ao centro Giotto, um shoppingcenter, logo na entrada tinha um fast food de pizza e com a fome que estávamos paramos ali mesmo, depois de bem alimentadas continuamos seguindo as instruções da senhora do supermercado que dizia que no último piso do centro giotto tinham coisas para casa... e tinha mesmo uma loja tipo camicado, não tão popular como queriamos mas acho que é o que tem.
Na sessão de eletrodoméstico achamos um item fantástico: fornello elettrico de uma boca só, bem pequenininho, nossos olhinhos brilharam em cima dele, poderíamos cozinhar no quarto e não usar aquela cozinha imunda!!! O preço também era bom!! Eu comprei um e a Paty encomendou um pra ela!! Depois fomos pra sessão de copos, pratos e talheres, nosso plano era comprar tudo avulso mas pelos preços decidimos comprar jogos completos e dividir entre nós duas.... ficamos horas esperando a atendente se resolver com a cor de talheres que tínhamos escolhido, que não devia estar ali, que ela só tinha o código (do mesmo conjunto de talher) de outra cor, e acabamos mudando de cor pra ver se podíamos ir embora.... junto aos pratos (já que agora temos um fornello compramos também duas panelinhas), mas mesmo trocando a cor e resolvendo o talher o tal conjunto de pratos que escolhemos deveria subir de não sei onde e não subia..... já estávamos exaustas, andamos o dia todo, nesse frio.... quando a caixa do conjunto chegou aí que ficamos mais desanimadas, era bem pesado e tínhamos as outras sacolas com outras coisas.....
Fomos para a porta principal do centro Giotto decididas a pegar um taxi, carregadas daquele jeito já de noite e naquele frio só tinha essa opção.... mas quem disse que no tal shopping tinha um ponto de táxi? Não tinha, fomos então na rua chamar um e quase não passavam táxis e quando passavam tavam sempre ocupados...
Desistimos e eu fiquei esperando com as compras do lado de fora e a Paty voltou para o shopping para perguntar pra alguém onde tinha táxi.... ela voltou com um telefone anotado em um papel dizendo que tinha que ligar pro táxi mas que ela tinha acabado de ligar e não tinham táxis disponíveis.... liguei do meu celular então e fui atendida por esses atendimentos eletrônicos com identificação de voz, falei onde estávamos e depois de muitas musiquinhas a atendente me disse correndo algo que eu só entendi o final: "chega em 4 minutos", ficamos lá esperando então...... se passaram 20 minutos e nada do táxi.... então resolvemos ir de ônibus.... andamos até o ponto de ônibus mais próximo mas o ponto estava lotado e quando chegou um ônibus todo aquele povo entrou no ônibus e carregadas daquele tanto não ía rolar... eu perguntei a Paty onde era o ponto de táxi que o cara pra quem ela perguntou disse que era, ela não sabia direito mas achava que era na rua seguindo a rua da frente. Então deixei ela lá no ponto com as compras e fui andando procurando o tal ponto, passei num posto e também perguntei do ponto, ele me disse que era melhor ligar, mas quando vi que era o mesmo número que eu  tinha ligado desisti, fui andando então em direção ao tal ponto.... uma transversal da avenida que estávamos sem nem uma alma na rua e mais pra frente ainda sem luz na rua, eu andando rápido, olhando para todos os lados, no meio do caminho meu namorado liga no meu celular.... não atendo... que perigo.... andei andei e cheguei no fim da rua e não tinha táxi nenhum... só me restava voltar.... apreensiva e rezando para que não acontecesse nada cruzei com um cara de terno falando no celular todo faceiro indo em direção a escuridão da qual eu tinha vindo... voltei pro posto e pedi para o senhor chamar o táxi pra mim, afinal eu esperava ter feito algo errado e que esse táxi chegasse.... o senhor pediu o táxi pra mim mas como já estavam fechando, esperei do lado de fora, e o táxi chegou.... ufa... parecia miragem.... passamos no ponto pra pegar a Paty e voltamos pra casa..... dividimos os conjuntos e arrumamos as novas aquisições nos sentindo mais em  casa.....
Sem pensar muito fui correndo pro banheiro aproveitar a minha coragem de lavar a cabeça e graças a Deus deu tudo certo, a técnica da toalha na perna foi ótima, era ali que o frio tava terírível, só que me dei conta de que não tinha comprado nem shampoo e nem condicionador (afinal trouxe doses só para a primeira lavada), volto a colocar coisas então na minha listinha de coisas pra casa....
Enquanto eu secava o cabelo resolvi começar a esvaziar o pote do ral suco de limão efervescente... li as instruções mas quando fiz achei fraquinho e coloquei o dobro de colherinhas (com colher de metal, eba!)  e tomei, o gosto era tipo tang mesmo, de repente comecei a ter uma dor-de-cabeça terrível.... o que podia ser? Eu tinha comido muito de tarde, fome não era, sede também não acabei de tomar suco, será que foi de lavar a cabeça? Toda vez que eu lavar a cabeça vai ser assim? Ai ai .... depois de muito me atormentar com a hipótese de passar mal toda vez que eu lavasse a cabeça olhei pro pote do tal suco efervescente, me estômago se contorceu.... hm.... fiz uma pesquisinha rápida no google e descobri que não era suco coisa nenhuma, era SAL DE FRUTA, eu mereço.... como assim vende sal de fruta num pote desse tamanho  na sessão de sucos do supermercado?? Claro que foi isso que me deu dor-de-cabeça, eu nunca tomo remédio, ainda coloquei bem mais do que o indicado e sem comer a horas!!! Tomei um suquinho de verdade (o de maçã com mirtillo, não resisti em comprar um pra experimentar, é ótimo mesmo!) e comi um pãozinho e minha dor-de-cabeça passou na hora.... Peguei o super pote de effervescente e joguei tudo na pia e depois liguei a torneira (me senti uma criança fazendo experiências.... hahah.... super divertido) e em poucos segundos toda aquela porcaria foi por ralo a baixo.... e meu açúcar ganhou um belo pote de vidro.... mais tarde enquanto eu tomava um cházinho numa deliciosa xícara de porcenala (feito par estreiar o fornello) acabei com o pote de azeitonas.... amanhã meu Kefir ganha casa nova....




quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Adorei os comentários!!

Gente adorei os comentários!! Senti todos muito próximos e me animei em escrever mais!!! Continuem!!! Beijocas

Em busca da tecnologia!!

Ainda 14 dez 09

Depois de estar bem instalada nella mia stanza fui até um mercadinho que tem aqui perto comprar suprimentos básicos para comer já e para o café-da-manhã do dia seguinte, na volta pro collegio encontrei a Luisa na porta me esperando, que gracinha!!!, nos falamos um pouco e combinamos dela me pegar as 9hs da manhã para irmos pra Adria, tenho que fazer toda a burocracia do conservatório apresentar os mil documentos que passei esses últimos meses correndo atrás...
Subi, comi e antes de deitar fui dar um passeio pelo collegio.... descobri com muita tristeza que não tem wi-fi e que a internet fica só lá no térreo na salinha de computadores, que não são muito bons e que os dois lugares onde se pode conectar notebooks nunca estão vazios... lá no térreo tem várias aulas (aulas são classes, salas de estudo), aula de tv, aula de estudo, aula de música, aula magna (está parece ser bem grande tipo um auditório e o pessoal daqui me pareceu que tava vendo filme nela), biblioteca, além de uma ótima máquina de café e chocolate quente a bom preço e algumas mesas para estudo no atrio central (parece que para usar as aulas é necessário agendar antes), como não achei a cozinha e nem a lavanderia perguntei pro porteiro, fui primeiro na lavanderia, bem legal com umas máquinas que me pareceram bem modernas, para usá-las é necessário colocar moedas no total de 1,50 euros e tem umas tabelas de agendamento de uso nas paredes, fui então me aproximando da cozinha.... ouvi uma barulheira sem fim, parecia estar rolando uma festa, não tive coragem de entrar e voltei pro meu quartinho toda tímida.... com o coração bem apertado sem poder falar com ninguém direito, só dando alguns avisos via Brasil Direto, arrumei os relógios para 4 horas a mais que Sampa e fui dormir a 1 hora da manhã daqui.

15 dez 09

Coloquei o relógio para às 8hs e acordei procurando um pouco de luz.... nada..... abri a persiana do quarto e me deparei com a maior escuridão, nada de sol ainda.... ai ai.... sono ... muito sono.... Me arrumei e tomei meu café da manhã aqui no quarto mesmo desci faltando uns 15 minutos pras 9hs e fui na internet um pouco, às 9hs vim pra porta.... nada da Luisa.... 9:15.... nada.... 9:25.... comecei a ficar aflita.... 9:30.... não aguentei mais, juntei minhas moedinhas e fui no orelhão que tem no térreo e liguei pra ela....
Devido a um "Ciao Tati" com um tom absolutamente confuso, me dei conta de que eu devia estar errada e perguntei "Che ora sono?", e eram 8:30hs.... sei lá de onde ficou na minha cabeça que eram 4 hs a mais, são só 3....
Enrolei mais 30 minutos na internet e às 9hs fui pro lado de fora esperar a Luisa QUE FRIIIO!!!!! Quando ela chegou me disse que a Sara (secretária do bienio - mestrado - do conservatório) estava doente (pasmem: gripe suína!!!!) e que sem ela não adiantava nada eu ir até lá já que não poderia fazer nenhum dos procedimentos..... Ela foi embora então e eu decidi sair em busca da tecnologia para me comunicar com meus queridos do outro lado do atlântico....
Saindo da minha rua (Via Belzoni) atravesso uma avenida e continuo andando, vai aparecendo cada vez mais comércio por todos os lados, todas as construções bem antigas com muitos arcos por onde passa a calçada e dentro até uma loja da apple eu achei.... depois de passar por um pórtico bem antigo cheguei na praça da madonina como a Luisa tinha me dito, uma grande praça peatonal com lojas por todos os lados e algumas barraquinhas no meio.... andei pra lá... andei pra cá.... procurei alguém com cara de que soubesse onde tinha a loja da tal "3" (operadora de celular daqui que tem o celular com skype), achei a loja da Tim, a loja da Vodafone, da Wind... e nada da 3... as pessoas ma rua andavam todas muito rápido com as caras quase encoberta pelos longos cachecóis enrolados, me chamou a atenção várias senhoras muito bem vestidas de belíssimos casacos de pele até o pé com quase nenhum dente na boca (prioridades estranhas.... rs), achei uma livraria e entrei, logo achei meus adorados Harry Potters em italiano a preço descente 13euros (Paguei quase 100 reais pelo primeiro livro da série em italiano e desisti de comprar no Brasil), aproveitei a grande oportunidade para perguntar pra moça do caixa... mas ela não sabia.. que azar... continuei andando e encontrei um guarda, perguntei pra ele, era bem perto de onde eu estava ainda pela região peatonal do centro.
Cheguei na loja e confirmei as informações que haviam me passado sobre o custo do celular e também perguntei sobre uma chiaveta de internet 3g, quando fui fechar o contrato o moço me pediu os documentos e dei meu rg português, aí ele se deu conta de que eu estrangeira (fiquei me sentindo com meu italiano.... hahaha) e disse que eu tinha que ter meu codice fiscale definitivo (o cpf daqui) que sem ele nada feito, ele me deu o endereço de onde tinha a agência que fazia isso e me disse que depois de feito era para eu voltar.
Voltei pro guardinha de antes com o endereço na mão e ele me disse pra pegar o ônibus 18 e descer na piazza stanga que a rua que eu precisava ir saia da praça. Cheguei no ponto de ônibus e me dei conta de que eu não tinha passagem para o ônibus (normalmente na europa os ônibus não tem cobradores), fiquei um tempo no ponto pensando.... eu observo o próximo ônibus que chegar como as pessoas que entrarem vão fazer?.......... e se for o 18?....... demorará mais 20 minutos pra vir ontro...... será que não dá pra ir a pé?....... peguei o mapa que eu arrumei no escritório da ESU quando fui assinar meu contrato, dei uma olhada e cheguei a conclusão de que dava pra ir a pé.... Fui andando seguindo o caminho que o ônibus faria, conferindo de ponto em ponto se o 18 continuava passando por ali.... andei.... andei.... andei.... andei mais ainda... passei uma ponte... avistei a estaçãod e trem que eu cheguei no dia anterior.... andei .... e cheguei nela... chegando nela vi uma banca de jornal que dizia "venda di biglietti" e fui lá comprar algumas passagens de ônibus... comprei 2 (1 euro cada uma e nelas dizia que durava 75 minutos de uso), fiquei no ponto e logo veio o 18, entrei e como o esperado não tinha cobrador só uma maquininha onde colocava a passagem e ela carimbava a hora. Depois de mais uns 5 pontos (era longe.... apesar de que os pontos aqui são bem perto um do outro), desci, achei que era ali.... mas ainda não era.... voltei a andar e andar e de repente fiquei com um frio mortal no pescoço na nuca e fui arrumar meu cachecol.... mas ele não estava mais lá, olhei pra trás, voltei um pouco, nessa região da cidade parecia que todos só andavam de carro e nada do meu cachecol em arco-iris .... desisti e voltei a andar pra compensar o frio de estar sem ele.
Finalmente cheguei na tal agência, peguei uma fila, fui no guiche, disse o que queria, me deram um formulário, eu preenchi, voltei no balcão, "hm, tu sei portoghesa?", me deram uma senha: EB33, estava no EB14.... ai ai .... peguei meu novinho Harry Potter e comecei a ler....
Já pelo terceiro capítulo (lembrem-se que ler em outra língua que não a sua língua mãe demora mais que o normal, pelo menos pra mim demora) e mais de 1 hora depois me chamaram, dei meus dados mas definitivamente os italianos não entendem os documentos portugueses e também (porque na carteirinha da ESU já ficou assim) meu codice fiscale saiu como Helene Ramos (nome) e Tati (sobrenome).... rs... rs... a moça levantou e pediu pra eu esperar e fiquei lá esperando chegar uma carteirinha recem impressa do meu codice fiscale, mas quando ela voltou ela tinha uma reles sulfite impressa simplesmente na qual ela carimbou e assinou e meu deu "pronto!". Tudo por um simples papelzinho que dava pra fazer em casa??
Voltei pro ponto e peguei o 18 pra voltar para a loja da 3, andei até lá e CHIUSA, horário de almoço, reabre só as 15:30hs...
Depois de tanto andar eu estava é com fome, nesse frio ainda, peguei meu mapinha do ESU e procurei o bandejão (restaurante universitário) mais próximo de onde eu estava, fui andando até lá, já achando que tinha passado quando entrando numa belo portão antigo me deparei com um baita restaurante, fui lendo os mil cartazes espalhados em busca de informação e até me achei em um deles (no cartaz que dizia os idoneos para receber bolsa de 2009/2010), encontrei uma máquina com cara de insira seu cartão, inseri meu cartão ESU e apareceu a minha fotinho dizendo que eu não tinha crédito nenhum.... cliquei então em ricarica, coloquei uma nota de 20 euros (que a máquina demorou horas pra aceitar mesmo ela sendo novinha) e me sentindo toda dentro do esquema (rs) peguei a fila pra se servir, tinha comida pra caramba, primeiro escolhe o pão, depois escolhe o primeiro prato (fui no espaguete a bolonhesa mesmo, já que todos os pratos tem apenas o nome deles escrito e não os ingredientes, tiquei com preguiça de perguntar qual tinha porco ou não), não quis segundo prato e escolhe uma opção que dizia que podia escolher um pedaço de queijo no lugar do segundo prato com 10 OPÇÕES DE QUEIJO e não era uma miséria era um belo pedaço, eu peguei um pedaço de umas 150gramas de emental (que chique!), no fim peguei um copinho de plástico vazio e chegou o caixa, dei meu cartão ESU ele passoou na máquina e debitou 4 euros pela comida, o máximo.
O restaurante estava mega lotado e enquanto eu procurava uma vaguinha sequer nas grandes mesas de umas 20 a 30 pessoas encontrei onde se pegava as bebidas: bem no meio do salão tinha daquelas máquinas que vc põe o copo e aperta pra sair o líquido, opções de bebida: água com gás - pepsi - fanta - vinho - cerveja (dá pra acreditar?).
Achei um lugar bem no cantinho e mais um glamour ao sentar na mesa: uma bela garrafa de azeite de oliva extra virgem a vontade.....
Comi tudo (tava uma delícia) e fui com o meu papelzinho vale-dessert pegar uma fruta de sobremesa, tb podia ter escolhido um expresso, mas como eu não tomo café e fruta é bem caro aqui, peguei uma mexerica tb muito boa.
Voltei pra casa, falei com a Luisa, estudei um pouco da missa que vou cantar dia 27 e voltei para a loja da 3.... chegando lá a moça que me atendeu me disse que não podia passar de jeito nenhum num cartão internacional que precisva ter uma conta ou um cartão de um banco italiano. NÃO ACREDITO!!!!!
Desolada fui andando pela rua e avistei um banco com vários cartazes com propaganda para estudantes, entrei.
Expliquei toda a minha situação para o Matheo, mostrei todos os meus documentos, ele os xerocou e me disse pra voltar no dia seguinte que ele falaria do meu caso para o seu superior para ver o que ele podia abrir pra mim no banco.
Esperei a Luisa no meu quarto estudando (toda triste de ainda não poder me comunicar) e pelas 18:30hs fomos até o médico dela pegar meu certificato di idonetà psico-fisica per convivere in comunità, é cada documento que eles pedem.... rs...rs .... isso mesmo.... um certificado de que eu não sou maluca.... hahahahha
Chegamos lá, era bem fora do centrinho de Padova que eu tanto andei hj, numa zona toda residencial, e a sala de espera estava lotada, esperamos, conversamos e depois o médico nos atendeu direto no computador fazendo o certificado sem nem me examinar (que bom, imagina se eu não passasse? Rs), mais uma vez saiu como Helene Ramos Tati e a Luisa me trouxe de volta pra casa.
Fiz minhas coisinhas e fui dormir mais uma vez sonhando com ter internet no quarto.....
16 dez 09
Acordei, me arrumei, tomei minha colazione no quarto e fui pro banco, chegando o Matheo me disse que poderia abrir um tal Genius Card pra mim que funciona como uma cartão pré-pago mas que me gera um número IBAN e que ele disse que deveria servir para a 3 (esse tal número IBAN é tipo sua conta bancária). Burocracia sem fim..... horas passando.... assinaturas e mais assinaturas..... Helene Ramos Tati de novo..... e de repente "Numero di telefonino?", mas é claro que eu não tenho um número de celular ainda, se afinal tô fazendo tudo isso para comprar um, mas inacreditávelmente era obrigatório, dei o da Luisa na esperança de que ela não se importasse.
Depois de muuuuuuito, fiz minha primeira recarga e voltei a loja da 3 correndo porque eram 12:15....... CHIUSA, tinham fechado 15 minutos antes..... ai ai .....
que martírio.....
Achei um supermercado bem mais interessante e barato do que aquele do lado do collegio e perdi a noção da hora lendo cada coisinha e escolhendo o que comprar, principalmente na seção de produtos de limpeza, o que a gente não conhece demora muito mais mesmo.....
Voltei toda carregada pra casa e me dei conta que tinha perdido o almoço do ESU, comi no quarto mesmo e fui a pé até a estação de trem esperar a Patrícia (como ela não deu notícia de em qual trem viria fui no horário do trem no qual eu cheguei esperá-la), fiquei lá no bienio 5, o trem chegou, a temperatura baixando, e me senti no século passado esperei todas as pessoas irem embora da plataforma e fiquei só eu lá, ela não tinha chegado nesse.....
Liguei pra Luisa e dei o horário dos próximos trens e ela cobriria o plantão do próximo (16:40) enquanto eu voltava na 3.
Cheguei na loja da 3 e no lugar dos dois atendentes das outras vezes tinha um outro que eu nunca tinha visto que prontamente me deu o celular e a chiaveta de internet e que preferiu passar no meu cartão internacional....... INACREDITÁVEL!!!
Finalmente conectada com o mundo de novo fui andando pela rua até a estação de novo digitando torpedos pros queridos enquanto minhas mãos congelavam fora das luvas...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

110

Mesmo nao tendo internet direito ainda decidi ir contando aos poucos as aventuras, mesmo nao tendo acentos.... rs
No sabado passado dia 12/12 nao teve jeito e tive que fechar a mala, depois de horas numa grande operacao de quebra-cabeca e desapego fechei as duas malas, e fui pesa-las... uma pesava 37 e a outra 38 (o maximo era 32)... me conformei instantanemante em pagar a taxa de peso extra afinal nao tinha mais o que tirar de nenhuma das duas e mesmo que tivesse ja era tao tarde que eu nao teria tempo de refazer mais nada. Fui perguntar ao google entao quanto isso me custaria para ja ir preparada, quando entrei na pagina da TAM tive uma surpresa terrivel: "para voos para com destino final Europa nao serao despachadas malas acima de 32 kilos", como assim NAO serao despachadas?? Entrei em panico instantaneo, com os nervos a flor da pele e stressada parecia o fim do mundo, fui atras dos meus amados ajudantes (que passaram o dia comigo arrumando tudo) mas ambos estavam cochilando, tadinhos, fiquei com do e fiquei me remoendo sozinha, e entao veio a brilhante ideia do plano B "eu levo minha malinha vermelha vazia e se nao despacharem mesmo tiro os kilos a mais coloco nela e despacho pagando a taxa de um volume extra (que o google me informou ser o mesmo custo do excesso de peso, U$ 100,00).
Fui dormir mais tranquila mas sempre com um medinho de que nao desse nada certo, imaginando eu abrindo a mala no meio do aeroporto..... abrindo os sacos a vacuo.....
Depois de um lindo domingo de despedidas e muita choradeira saimos de casa quase as 17hs para chegar cedo no aeroporto, fomos em dois carros para caber toda a bagagem, desviamos pela Radial Leste para nao pegar o transito corriqueiro da Marginal em obras mas para meu total panico quando chegamos na Airton Sena tudo parou, tambem tinham obras e nao andava de jeito nenhum.... fui ficando apavorada.... alem de todo o evento com a mala eu nao chegaria na hora certa? E se eu perdesse o voo? E se nao desse tempo de fazer o plano B? Eu teria que largar uma mala? Mas nao arrumei as malas destribuidamente para poder largar uma.... se largo uma fico sem calcinha se largo a outra fico sem roupa de frio? Respirando profundamente para me acalmar resolvi comer os maravilhosos cookies de chocolate que o Vitor fez pra mim e que cumpriram totalmente o seu papel, me acalmaram no meio ao caos.
Finalmente chegamos no aeroporto, devido ao atraso me deixaram no embarque e foram estacionar, para testar coloquei todas as malas em um so carrinho (afinal de agora em diante so terei eu para empurra-lo) e fiz a maior forca do mundo para arrastar o carrinho ate o guiche da TAM, cheguei la (Gracas a Deus estava vazio) entreguei os documentos e o cara pesou a primeira mala, fiquei fingindo que eu nao estava nem ai e vi ele pesar a outra, quando achei que elas tivessem passado me olharam com aquela cara de "nao vai dar" e falaram que eu teria que tirar uns 4 kilinhos de cada uma....
Entrou em acao o meu plano B e em pleno ao chiquerrimo balcao da classe executiva eu abre as malas comecei a arrancar sapatos sem fim e a jogar dentro da malinha vermelha (maior barraco), consegui finalmente fechar as tres malas e o cara que tava me ajudando disse para eu levar a vermelhinha como mala de mao, alem da azul, da mochila e da bolsa??? Fiz um tipo e disse que eu preferia despachar mesmo pagando a taxa e depois de uns 15 minutos sem ninguem me dizer nada, veio uma mocinha muito gentil dizer que ja que o voo estava vazio ela ia deixar eu despachar as 3 malas mas que eu teria problemas na Europa e na volta porque na Europa tem uma lei trabalhista que diz que os carregadores de malas nao carregam malas com mais de 32 kilos.... disse pra ela com a maior cara de pau (enquanto o coracao se apertava inteiro) que minha passagem era so de ida que ela podia conferir.
Foi plano B sem pagamento de taxa nenhuma. 33 + 34 + 16 = 83 + 18 + 9 (das de mao) = 110 kilos de bagagem!!! Quase deu duas de mim....
Jantar
Saudades
Choro
Saudades
Coracao apertado
e me vi na fila para entrar no embarque internacional totalmente atrasada para o voo (ato falho?)
Foi a maior correria os agentes da TAM vinham toda hora ver onde eu estava (e mais uma cara tb atrasado pro meu voo), ate que conseguiram fazer eu pular a fila, passei no raio x na maior velocidade e sem nem colocar o computador de volta na mochila fui pra imensa fila da policia, mas em menos de um minuto, pedindo de um por um, eu passei na frente de todo mundo e sai correndo ate o meu gate, que claro era o ultimo.
Ja cheguei exausta no aviao e claro ja foram me direcionando para a classe turistica (toda carregada de calca colorida e malha do peru....) ai eu disse mas meu lugar e o 3G, e la veio um "Ahhh! Estavamos te esperando!! Aceita um champagne para relaxar!??)
Realmente viajar de classe executiva numa viagem longa eh o maximo, a poltrona deita inteira, te mimam o tempo todo, tem uma telinha com entretenimento so pra vc e tinha te um telefone!!! Sim um telefone, quase liguei pra matar a saudade assim que a porta do aviao fechou mas os U$ 10,,00 por minuto me desanimaram.
O menu do jantar era o maximo, pena que eu nao tinha espaco pra mas nada, alem do que chorar me embrulha o estomago. Tinha ate carta de vinhos (Champagne: Drappier Carte D'Or, Brancos: Weingut Brundlmayer Gruner Veltliner e Chateau de Rougerie Blanc, Tintos: Ysios Reserva e Chateau Bel-Air Perponcher Rouge) Mas achei que ficar escolhendo vinhos e combinando com a comida faria eu chorar mais e comer menos, entao optei pelo champagne com a tabua de queijos (Finaaaaaaaaaaaa!!! Hahahahahha)
Dormi a viagem toda e fui acordada pelo belissimo cafe da manha, glamour no ultimo, nem consegui comer o omelete, voltei a dormir mas fui acordada pelas informacoes do comandante "pousaremos em Milao em breve, tempo encoberto e temperatura local de 2 graus celsius", comecei a sentir frio na mesma hora e fui no banheiro colocar a meia-calca de la que estava na minha mochila.
Pousamos e decidida a fazer tudo com muita calma para nao acabar com a minha coluna fui saindo calmamente, descer na pista nao ajudou muito, o frio era terrivel e carregar a bagagem de mao tb nao foi facil, pra que servem as rodinhas ao descer as escadas?
Passei pela imigracao quase sem perceber, enquanto todos ficavam na fila de extracomunitarios o guarda praticamente nem abriu meu passaporte portugues.
Fui entao pegar um carrinho, e .... travado.... precisava de uma moeda de euro para destrava-lo .... a moca do cambio foi bem simpatica e trocou pra mim, retirei o carrinho enquanto vi minhas tres malinhas despontarem. Coloquei todas no carrinho e com calma fui eu e meus 110 kilos de bagagem para fora do aeroporto.
Antes mesmo de achar um telefone para avisar que cheguei bem achei onde vendia a passagem de onibus para a Stazione Centrale onde eu devia pegar o trem para Padova. Comprei e liguei correndo porque so faltavam 5 minutos para sairem.
Depois de quase 1h chegamos na estacao e prontamente o motorista perguntou se eu queria um carregador (SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!! Per favore!!!) e o carregador me socorreu totalmente no percurso a pe ate a estacao, paramos pra comprar a passagem e com muita sorte de novo saia um trem em 15 minutos, sentei no meu lugar e so ai me dei conta de que tinha perdido minha chance de comprar comida e almocar. Pelo menos as bagagens estavam todas no trem..... dormi...
Acordei apavorada achando que eu tinha perdido a estacao, mas ainda nem tinha passado Verona, fiquei vendo a paisagem.... nunca vim a Europa no inverno..... as arvores ficam pretas..... praticamente sem folhas..... me senti num filme....
Cheguei em Padova e um italiano me ajudou a descer as malas do trem, ai foi terrivel, naquele frio horroroso me vi sozinha na plataforma e sem nem avistar onde estava o elevador (tem que ter um elevador!!), a zero por hora empurrando 2 malas de cada vez e depois indo buscar as outras a cada 5 metros, cheguei ate o elevador, desci e descobri que tinha que andar ate o fim do corredor para pegar outro elevador e sair da estacao (nenhum telefone a vista para pedir socorro a Luisa), subi e continuei o empurra e volta pra buscar ate uma loja onde perguntei onde teinha telefone (so do lado de fora da estacao) quando cheguei la coloquei algumas moedas e "Ciao Tati, non sono arrivata ancora a Padova", a Luisa nao tinha chegado em Padova ainda e o escritorio onde eu tinha que buscar as chaves do quarto fechava as 18hs. Com a cara e a coragem peguei um taxi e fui ate o escritorio, ele ficou me esperando o que me custou muuuuuuuuito caro, mas depois de mais burocracia, carteirinha e tudo mais fui ate meu "collegio Ederle", meu quarto eh no 4 piso numero 408 (e gracas a Deus de novo tem elevador), subi ainda no passinho lento ate o quarto e coloquei todos os 110 kilos dentro do meu quarto de 5 x 2,5 (eu acho).

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Vocês venceram!!!

Ainda não tenho a mínima idéia de como se usa este blog e se vou realmente conseguir mantê-lo quando eu estiver na Itália, mas já que tanta gente pediu pra eu escrever um blog pra irem acompanhando minha vida na Itália mais de perto, aqui estou.... postando minha primeira mensagem!!
Gostaria de levar todos meus queridos na mala, mas já que não posso, nem as coisas que tenho que levar estão cabendo....., VOCÊS VENCERAM e vou escrever o blog, assim sinto todos mais pertinho de mim!!!!
Hj estou morta de sono pós minha festa de bota-fora de ontem e ainda tenho mil coisas pra fazer, a começar por tentar melhorar o quebra cabeça da mala para caber mais coisas.... são só 64 kilos e isso é muito pouco para colocar toda a sua vida dentro!!! Ai ai ..... espero conseguir levar tudo o que quero...
E aqui acaba minha primeira mensagem!!!
Já com saudades de todos e com o coração mega apertado!!
Beijocas